Arrogância máxima
Na sequência da apresentação, semana passada, da (pseudo) cidade desportiva, Armindo Costa disse numa rádio local que pretende concluir o projecto, arranjar financiamento e avançar com a obra ainda neste mandato, para que não possam depois assassinar o projecto, como se esta obra não constituísse um assassinato da actual zona desportiva da cidade, aliás, de cidade desportiva, este projecto tem apenas o nome.
Das palavras proferidas, sou levado a concluir que Armindo Costa pretende condicionar a escolha livre dos famalicenses em próximos sufrágios, afigurando-se como uma ofensa à inteligência de todos os famalicenses e de quem se vier a candidatar-se ao cargo de presidente da câmara municipal, mesmo que seja alguém de um dos partidos que suportam a coligação actualmente no poder.
Mais grave ainda que esta manifestação de arrogância, é o facto de a Câmara Municipal vir a ficar muito condicionada financeiramente nos próximos mandatos por força de um projecto desajustado das reais necessidades e das condições financeiras do país e do município. É muito fácil avançar com um projecto para depois outros fazerem e pagarem. É caso para perguntarmos quantas obras ficarão por fazer para se poder pagar este projecto, Quantas freguesias continuarão sem rede de água e saneamento? Quantas escolas continuarão em más condições? Quantas outras promessas com mais impacto da qualidade de vida dos famalicenses ficarão por cumprir para se pagar este projecto?
Mas a arrogância manifestada por Armindo Costa não se fica por aqui, nas mesmas declarações na rádio, disse que no final deste mandato terá dedicado doze anos da sua vida à causa pública, oito como presidente e quatro como vereador na oposição. E adianta que esses quatro anos em que esteve na oposição foram quatro anos desperdiçados. Se Armindo Costa não foi útil na oposição, porque razão se voltou a candidatar? As suas capacidades estarão assim tanto acima da média que só como presidente poderia ser útil aos famalicenses?
Mais uma vez ofendeu todos aqueles e aquelas que se empenham profundamente no desenvolvimento das suas terras, desempenhando cargos na oposição. Sabemos que Armindo Costa e a sua equipa desrespeitam os direitos da oposição, nomeadamente com o BE. Ficamos agora a saber que isso se deve ao facto de entender que estar na oposição é um desperdício.
Não fica bem a um presidente de câmara este tipo de manifestações de superioridade e de arrogância, como se ninguém o merecesse. Eu entendo que lhe tenha custado muito ter estado quatro anos na oposição, mas se esse seu desempenho na oposição foi um desperdício, enganou os famalicenses que nessa altura lhe confiarem o seu voto.
Estar na oposição é tão ou mais importante que estar poder, desde que os legítimos interesses das populações nos mereçam a melhor utilização das nossas capacidades.
Só resta a Armindo Costa acabar o seu mandato com alguma dignidade e se possível sem voltar a ofender os famalicenses.
Crónica publicada no jornal Opinião Pública de 04/07/2007