Nos
últimos dias o Presidente da Câmara Municipal andou em frenéticas inaugurações,
comemorações e homenagens. Parece que Famalicão e os seus munícipes não têm
graves problemas para resolver: desemprego, fome, miséria, etc..
Vou
aqui abordar três das iniciativas que contaram com a presença de Armindo Costa
e que me merecem comentários: Aniversário da Vila de Ribeirão; Homenagem a
Narciso Ferreira; inauguração do Monumento ao Empreendedor.
Nas
comemorações do aniversário da Vila de Ribeirão ficamos a saber, através da
palavra do Presidente da Junta de Freguesia, que aquela vila, um dos pólos mais
importantes do concelho, carece de infra estruturas fundamentais para o
bem-estar da população, como água e saneamento básico. Aproveitou o autarca a
ocasião festiva para reivindicar tais obras ao Presidente da Câmara, pondo a nu
a falsidade das declarações do Presidente da Câmara e dos seus seguidores
quando dizem que o concelho está coberto por água e saneamento, com a excepção das
freguesias do Vale do Este. Às vezes as festas de amigos tornam-se incómodas e
colocam a nu a realidade.
Não
posso deixar de lamentar que o Presidente da Câmara Municipal, no seu discurso
de homenagem a Narciso Ferreira, não tenha feito nenhuma vez referencia aos
milhares de trabalhadores, que trabalhando de sol a sol ganhado uma
ridicularia, contribuíram através do seu esforço para a construção das obras
que Narciso Ferreira mandou implementar. A homenagem a Narciso Ferreira e à sua
obra não pode também passar sem uma referência aos seus descendentes, e ao
papel destruidor que tiveram no legado que Narciso Ferreira deixou, sendo o
encerramentos das fábricas que este construiu e o estado actual do Teatro
Narciso Ferreira os melhores exemplos.
No
caso do Teatro há também responsabilidade da Câmara Municipal, que assinou um
protocolo com a Fundação para restaurar o teatro e até hoje nada fez. É bom
recordar aqui as palavras de Armindo Costa, ditas em 2007:
“A
Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão vai investir cerca de um milhão de
euros nas obras de recuperação do velho Teatro Narciso Ferreira, imóvel que foi
construído na primeira metade do século XX por um dos pioneiros da indústria
têxtil no Vale do Ave. O projecto deverá ficar pronto até ao fim deste ano, de
modo a que as obras avancem o mais rapidamente possível”. Já
passaram 5 anos!
A
inauguração do monumento ao empreendedor, na rotunda do Jumbo no dia da cidade,
foi o continuar desta festança. Famalicão é uma terra de empreendedores, mas
também uma terra de gente trabalhadora por isso custa-me a aceitar que a Câmara Municipal só se lembre de quem empreende e não
de quem trabalha.
Na
sua crónica que escreve no Povo Famalicense o Dr. Mário Martins escrevia, a
propósito desta homenagem: O que se espera é que nenhum seja daqueles
que têm “Ferraris” na garagem e devem dinheiro aos seus trabalhadores.
Não
sei se algum tem Ferraris. Provavelmente sim. O que sei é que algumas das
empresas que contribuíram para o monumento despediram trabalhadores e não lhes
pagaram os seus direitos; outros viram o município isentar as suas empresas do
IMI e IMT; e um bom grupo de outros “beneméritos” são aqueles que recebem
milhões de euros em obras entregues pela Câmara Municipal em adjudicações
directas.
Bem
vistas as coisas não custa muito estes empresários contribuírem para erguer um
monumento em sua homenagem: é sempre à custa dos trabalhadores ou do erário
publico.
Adelino
Mota
P.S. Felizmente existe no concelho, mais
concretamente em Riba de Ave, um monumento em homenagem ao trabalhador têxtil,
feita pela Junta de Freguesia, da qual tive a honra de ser secretário. É uma
homenagem simples ao trabalhador, ao trabalho e à luta pela sua dignidade.