quinta-feira, 12 de maio de 2005

Cláusulas de salvaguarda são temporárias, alerta Miguel Portas

Cláusulas de salvaguarda são temporárias, alerta Miguel Portas

Miguel Portas veio a Famalicão avisar que as cláusulas de salvaguarda não são a solução para o sector têxtil. A aposta na inovação é um dos caminhos para que o têxtil português consiga sobreviver num mercado globalizado, considera o eurodeputado.


Miguel Portas afirma que as cláusulas de salvaguarda não são a solução para o problema do têxtil em Portugal. O eurodeputado do Bloco de Esquerda (BE) não é contra o accionamento desta medida de defesa do sector, mas diz que as cláusulas de salvaguarda são temporárias (não se podem aplicar por mais do que um ano ou dois, no máximo) e que, se não existirem novas regras no comércio mundial, “haverá uma tragédia social”.
“Os trabalhadores podem até não ser despedidos nos próximos três meses, mas acabarão por sê-lo nos seis meses seguintes”, alerta. “As cláusulas não podem ser utilizadas apenas para se evitar o pior porque o pior vem, inevitavelmente, se só elas forem aplicadas”, argumenta, ainda.
Miguel Portas falava aos jornalistas no fim da visita que efectuou à empresa Irmãos Vila Nova, responsável pela marca “Salsa”, em Ribeirão, na sexta-feira da semana passada, no âmbito de uma jornada de trabalho no distrito de Braga para contactos com entidades ligadas ao sector têxtil.
Para que o têxtil português consiga sobreviver num mercado globalizado, o BE defende novas regras para um comércio “mais justo e equitativo” e uma “mudança radical de atitude” dos empresários portugueses. Segundo o eurodeputado, “o verdadeiro problema está na actual estrutura empresarial portuguesa, desde sempre muito conservadora e apostada nos salários baixos e na imitação e sem ambição de dar o salto”. Para que os empresários saibam em que é que devem apostar, Miguel Portas entende que o Estado tem um papel fundamental, na medida em que pode criar novas condições de apoio, mas não aquelas que passam por “deitar dinheiro em seco nas empresas”.
A formação dos trabalhadores, o aumento dos salários e aposta na inovação são, por isso, os “caminhos” a seguir, no entender deste bloquista. “O nosso destino não é concorrer com as armas dos outros. Temos de saber responder num contexto sem quotas à importação desde Janeiro e agora com um mercado, nomeadamente o asiático e o chinês, que não tem limites de horas de trabalho nem situações fiscais e ambientais vulgares”, sublinha, evidenciando que alternativa passa por criar novas regras no comércio mundial. “A Europa deve ter a coragem de dizer que abandona o proteccionismo, mas as empresas têm que rever os direitos sociais e ambientais, porque a possibilidade de um comércio global pode ser útil para os trabalhadores e consumidores dos dois lados, Portugal e China”, afirma.

In Opinião Pública



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