Quando a coligação PSD/CDSPP chegou ao poder em V. N. de Famalicão, depressa veio denunciar a difícil situação financeira da autarquia, herdada da anterior gestão socialista. Curiosamente, depois de ter apregoado aos 4 ventos que haviam equilibrado as contas, preparam-se agora para deixar a “saúde financeira” da Câmara Municipal hipotecada para as próximas décadas.
Durante 7 anos, Armindo Costa e a sua equipa desbarataram os muitos milhões de euros dos sucessivos orçamentos municipais em festas, propaganda, assessorias e afins, sem que fossem feitas significativas obras em benefício de todos os famalicenses. Nos últimos tempos, tendo gasto o dinheiro e não tendo obras para poder inaugurar e deixar lá a respectiva placa com o nome, a única opção foi recorrer a empréstimos bancários para fazer uma série de obras que têm vindo a ser anunciadas ultimamente. Ou seja, os recursos financeiros do município foram gastos em coisas perfeitamente dispensáveis e para as obras que os famalicenses precisam, hipotecou-se a capacidade de desenvolvimento por força do pagamento desses empréstimos durante 20 anos.
Assim é muito fácil governar: pedimos o dinheiro e quem vier a seguir que pague. Mas o mais grave de tudo, e que manifesta por um lado uma deficiente gestão do recursos e dos timings e por outro lado um verdadeiro oportunismo político, é o recente anúncio de parcerias com privados para a construção e manutenção de grandes obras que foram promessas de sucessivas campanhas, que foram incapazes de construir e que agora querem que os privados façam e que as próximas gerações de famalicenses fiquem a pagar. Deixando de lado que a chamada cidade desportiva não é um obra urgente e que os equipamentos anunciados acentuam ainda mais as desigualdades e discriminação das freguesias do concelho, a ideia de fazer ao mesmo tempo vários equipamentos por privados irá ficar muitíssimo mais caro aos cofres do município e consequentemente aos famalicenses.
O único objectivo dos privados é, naturalmente a obtenção de lucro. Para que um privado consiga obter esse lucro, terá que ter um contrato de concessão por um período de tempo muito longo. Ou seja, durante muitos anos, os famalicenses pagarão a construção das obras, a sua manutenção e ainda o lucro dessa entidade privada, quer seja através do erário do município, quer seja pela utilização dos equipamentos.
Recuando no tempo, se a gestão socialista anterior tivesse deixado a Câmara Municipal de boa “saúde financeira”, se a coligação tivesse privilegiado os investimentos em vês da propaganda e do supérfluo, não teria sido necessário recorrer a empréstimos a longo prazo para pagar obras que poderiam já estar a beneficiar os famalicenses há mais tempo e não ficaríamos endividados durante 20 ou 30 anos.
São as opções tomadas que geram estas consequências, também espero que as opções dos famalicenses nas próximas eleições autárquicas contribuam para novas oportunidades de governação do município.