quarta-feira, 20 de junho de 2007

Maré Alta de 20/06/2007

Baixo nível


Expressões como “filho da puta”, “vou-lhe ao focinho” e outras do mesmo teor, abundam na linguagem quotidiana dos portugueses. Apesar de não ter o habito de as usar, não me repugna minimamente que qualquer pessoa as utilize e por vezes com uma frequência maior que o desejável, salvaguardando naturalmente a intenção e contexto em que as mesmas são proferidas.
O mesmo já não se passa quando estas expressões aparecem em títulos de jornais de âmbito local ou mesmo nacional, dada a componente pedagógica que se deseja dos órgãos de comunicação social. Nestes casos entendo que a sua utilização deve ser restringida ao mínimo estritamente indispensável.
Mas quando em plena reunião de Câmara Municipal estas expressões são o tema central do debate e são usadas exageradamente, muito mal vão as coisas por estes lados. Quando aqueles que representam os famalicenses descem a um nível tão baixo de vocabulário naquele que deveria ser o local mais digno do exercício do poder local, qual não será a sua postura em relação aos restantes assuntos em discussão. Se nos lembrarmos, expressões destas foram já utilizadas no mesmo local para com um simples cidadão.
É altura de os famalicenses pensarem muito bem em quem elegeram para seus representantes e qual a sua postura no exercício dessas mesmas funções.

Sucesso.

O Ministro da Economia visitou este ano e ainda recentemente duas empresas de sucesso em V. N. de Famalicão, com o intuito de reconhecer o mérito do seu êxito empresarial. Ainda bem que temos empresas bem sucedidas no nosso concelho e não tenho nada contra que os responsáveis governamentais façam um reconhecimento público dessas empresas, mas entendo que seria igualmente importante que o Ministro da Economia e a sua comitiva visitassem empresas que atravessam dificuldades e que estão a fazer um grande esforço para se aguentarem. Infelizmente também as há em V. N. de Famalicão.
Mesmo que não levasse consigo a comunicação social da forma que o tem feito, seria muito importante que, da mesma maneira que divulga o sucesso de uns, se inteirasse in-loco das dificuldades, das condições e também dos projectos e perspectivas de futuro que têm os responsáveis de empresas que estoicamente enfrentam a crise que a todos afecta para manterem as empresas a funcionar e manterem assim os postos de trabalho.
É muito fácil visitar apenas as empresas de sucesso, fazendo transparecer que estamos em retoma económica e que a crise tem os dias contados. Quem nos dera que assim fosse, mas infelizmente isso não corresponde à realidade. A única forma de sair da crise é estimulando o crescimento e consolidação das médias empresas, uma vez que estas possuem uma reduzida margem de manobra face às constantes alterações da conjuntura económica e por isso muitas acabam por falir, lançando milhares de trabalhadores para o desemprego.
Muito mais importante que divulgar o sucesso de alguns, é trabalhar para que todos tenham sucesso.


Crónica publicado no Jornal Opinião Pública de 20/06/2007