Depois dos trabalhadores terem estado em greve desde o passado dia 14 de Março,
“Sampaio Ferreira” encerra portas
“Sampaio Ferreira” encerra portas
A centenária empresa têxtil “Sampaio Ferreira”, de Riba d’Ave, no concelho de Famalicão, vai encerrar as portas e colocar no desemprego cerca de 200 trabalhadores.
A intenção de iniciar o processo de insolvência da empresa foi comunicada, esta semana, pela administração aos trabalhadores, que se encontram em greve, reivindicando o pagamento da totalidade do salário do mês de Dezembro (a parte dos trabalhadores) e o subsídio de Natal, os salários de Janeiro e Fevereiro, a todos os funcionários.
Os trabalhadores não ficaram satisfeitos com a notícia e decidiram manter a greve que iniciaram no passado dia 14. Os pormenores da decisão de encerrar a empresa deverão ser comunicados pela administração aos trabalhadores na próxima quarta-feira.
Segundo Joaquim Simões, do Sindicato Têxtil do Minho, a administração vai afixar uma informação na próxima semana, comunicando qual a decisão final que tomou.
O sindicalista não esconde que «há muito que os trabalhadores esperavam por um desfecho destes». Joaquim Simões indica ainda que «já há 40 anos que se dizia que a Sampaio Ferreira iria fechar mais dia, menos dia».
Na opinião de Joaquim Simões, aquela empresa está ferida de morte há muito tempo «porque a evolução tecnológica nunca foi uma prioridade das diversas administrações» que a Sampaio Ferreira conheceu.
«Quando ainda existiam lucros, esses eram inteiramente divididos e nunca houve a preocupação de modernizar verdadeiramente a empresa», salientou o sindicalista, acrescentando que «as máquinas que entravam de novo na Sampaio Ferreira eram já usadas».
Agora, Joaquim Simões garante apenas que «os trabalhadores vão continuar a reivindicar os seus direitos e aguardar pelo desfecho de toda a situação».
Segundo é narrado na Rota do Património Industrial do Vale do Ave – da qual a empresa ribadavense faz parte –, a Sampaio Ferreira foi fundada em 1896 pelo tecelão Narciso Ferreira, com a designação inicial de Fábrica de Fiação, Tecidos e Tinturaria de Riba d’Ave.
Aquela foi a primeira fábrica têxtil moderna do concelho de Famalicão e iniciou a sua actividade com 200 teares e uma estrutura vertical que incluía fiação, tecelagem e tinturaria.
Por seu turno, Narciso Ferreira assume uma estratégia empresarial com base na diversidade do investimento. É sócio fundador da Sampaio Ferreira e de várias outras unidades fabris na área dos têxteis; investe em experiências pioneiras na produção de energia eléctrica e aposta na transformação urbanística da aldeia onde implantou a sua primeira fábrica.
A acção daquele homem, continuada pelos seus filhos, resulta num verdadeiro império industrial com centro em Riba d’Ave e que se estende de Caniços, com a fábrica Têxtil Eléctrica e a Central Térmica, ao aproveitamento hidroeléctrico do Ermal.
Narciso Ferreira implantou a fábrica junto do rio e os primeiros equipamentos urbanos (bairros operários; hospital; escola primária e posto da guarda), no ponto mais alto do lugar e perto do núcleo da primitiva aldeia. Todo este conjunto – fábrica, equipamentos e bairros – é estruturado pela EN 310 que liga Caniços à Póvoa do Lanhoso.
Ora, é nesta estrada, ao longo do muro da fábrica, que mais tarde Raul Ferreira implanta o novo centro urbano de Riba d’Ave, transformando a estrada em alameda e construindo todos os equipamentos representativos de uma centralidade: o mercado; o teatro (Salão Recreativo dos Operários das Fábricas de Riba d’Ave); a estalagem; o quartel de bombeiros e a estação de correios.
Esta estratégia de localização reforçou o poder simbólico da fábrica, que está localizada em pleno centro urbano da vila de Riba d’Ave.
In Diário do Minho (26-03-05)
Os trabalhadores não ficaram satisfeitos com a notícia e decidiram manter a greve que iniciaram no passado dia 14. Os pormenores da decisão de encerrar a empresa deverão ser comunicados pela administração aos trabalhadores na próxima quarta-feira.
Segundo Joaquim Simões, do Sindicato Têxtil do Minho, a administração vai afixar uma informação na próxima semana, comunicando qual a decisão final que tomou.
O sindicalista não esconde que «há muito que os trabalhadores esperavam por um desfecho destes». Joaquim Simões indica ainda que «já há 40 anos que se dizia que a Sampaio Ferreira iria fechar mais dia, menos dia».
Na opinião de Joaquim Simões, aquela empresa está ferida de morte há muito tempo «porque a evolução tecnológica nunca foi uma prioridade das diversas administrações» que a Sampaio Ferreira conheceu.
«Quando ainda existiam lucros, esses eram inteiramente divididos e nunca houve a preocupação de modernizar verdadeiramente a empresa», salientou o sindicalista, acrescentando que «as máquinas que entravam de novo na Sampaio Ferreira eram já usadas».
Agora, Joaquim Simões garante apenas que «os trabalhadores vão continuar a reivindicar os seus direitos e aguardar pelo desfecho de toda a situação».
Segundo é narrado na Rota do Património Industrial do Vale do Ave – da qual a empresa ribadavense faz parte –, a Sampaio Ferreira foi fundada em 1896 pelo tecelão Narciso Ferreira, com a designação inicial de Fábrica de Fiação, Tecidos e Tinturaria de Riba d’Ave.
Aquela foi a primeira fábrica têxtil moderna do concelho de Famalicão e iniciou a sua actividade com 200 teares e uma estrutura vertical que incluía fiação, tecelagem e tinturaria.
Por seu turno, Narciso Ferreira assume uma estratégia empresarial com base na diversidade do investimento. É sócio fundador da Sampaio Ferreira e de várias outras unidades fabris na área dos têxteis; investe em experiências pioneiras na produção de energia eléctrica e aposta na transformação urbanística da aldeia onde implantou a sua primeira fábrica.
A acção daquele homem, continuada pelos seus filhos, resulta num verdadeiro império industrial com centro em Riba d’Ave e que se estende de Caniços, com a fábrica Têxtil Eléctrica e a Central Térmica, ao aproveitamento hidroeléctrico do Ermal.
Narciso Ferreira implantou a fábrica junto do rio e os primeiros equipamentos urbanos (bairros operários; hospital; escola primária e posto da guarda), no ponto mais alto do lugar e perto do núcleo da primitiva aldeia. Todo este conjunto – fábrica, equipamentos e bairros – é estruturado pela EN 310 que liga Caniços à Póvoa do Lanhoso.
Ora, é nesta estrada, ao longo do muro da fábrica, que mais tarde Raul Ferreira implanta o novo centro urbano de Riba d’Ave, transformando a estrada em alameda e construindo todos os equipamentos representativos de uma centralidade: o mercado; o teatro (Salão Recreativo dos Operários das Fábricas de Riba d’Ave); a estalagem; o quartel de bombeiros e a estação de correios.
Esta estratégia de localização reforçou o poder simbólico da fábrica, que está localizada em pleno centro urbano da vila de Riba d’Ave.
In Diário do Minho (26-03-05)