sábado, 12 de fevereiro de 2005

Entrevista a Adelino Mota

Entrevista ao Opinião Pública


“Há um crescimento generalizado do Bloco”

Aos 50 anos, Adelino Mota é candidato a deputado na Assembleia da República. Concorre na lista do Bloco de Esquerda (BE) pelo círculo eleitoral de Braga, na qual ocupa o quinto lugar. Residente em Riba d’Ave, é motorista de profissão, mas encontra-se actualmente desempregado.


OPINIÃO PÚBLICA: O objectivo do BE é a aumentar a votação no distrito. Qual é a vossa meta?
Adelino Mota: Temos dois objectivos. O primeiro é dar continuidade à luta que temos vindo a desenvolver com a população para derrubar este Governo e pô-lo em minoria na Assembleia. O outro é crescermos em número de deputados e de eleitores. Temos como aposta a eleição do cabeça de lista [Pedro Soares] e penso que isso não colide com a possibilidade da CDU eleger o seu. Há um descontentamento muito grande em relação às políticas do Governo PSD/PP e, por isso, há condições para um crescimento significativo da esquerda. É também um nosso objectivo ficarmos à frente do PP e tirar-lhes o deputado.

Há a possibilidade do BE formar governo com o PS, caso este não consiga maioria absoluta?
Não está nos nossos horizontes uma aliança com o PS. Agora, o PS não é o nosso inimigo principal nesta batalha. Tudo depende da sua disponibilidade para contribuir para uma política de esquerda; se estiver disponível, em fases concretas poderá contar com o apoio do BE na Assembleia; se não estiver, nunca nos terá do lado deles.

Nas sondagens, o Bloco de Esquerda começou a aparecer como terceira força política. Isso, de alguma forma, surpreendeu-vos?
Não. As sondagens têm um valor relativo. Sentimos é junto das pessoas que, de facto, há uma sensibilidade às nossas propostas. Na pré-campanha fizemos uma grande sessão em Famalicão, foi a primeira vez que o Bloco, de uma forma aberta, apareceu à população e esta correspondeu, o auditório da Biblioteca Municipal esteve praticamente cheio. Sente-se, de facto, um engrandecimento do Bloco que também se nota no nosso concelho, onde estamos a crescer do ponto de vista organizacional, eleitoral e de militantes. Há um crescimento generalizado.

Todos os partidos têm manifestado preocupação com o desemprego no distrito. Que medidas é que o BE propõe para a resolução deste problema?
Temos um plano que consideramos de emergência para o sector têxtil – pois é o que tem mais incidência nesta região – no sentido de acabar com o desemprego e que assente numa política de formação profissional, de reconversão do sector e também de salvaguarda dos produtos têxteis contra a invasão chinesa e dos países da Ásia. É uma proposta que defende o apoio do Governo e da Comunidade Europeia às empresas viáveis, com propostas concretas de salvaguarda dos postos de trabalho; e tem que haver fiscalização no sentido de ver se esse apoio está a ser correctamente aplicado. Aliás, consideramos que é até possível criar emprego na fiscalização no campo alimentar e na área ambiental e para evitar, por exemplo, a fuga ao fisco. São medidas concretas, objectivas, das quais apresentamos até os custos.

O BE defende que é preciso uma viragem no distrito. Que novas políticas propõem para que essa viragem se efectue?
Transportamos para o distrito aquilo que são as nossas preocupações a nível nacional. É fundamental para o desenvolvimento económico a revogação do Código do Trabalho. É necessário no distrito acabar com os Hospitais SA; defendemos uma política de Saúde da qual o Estado seja o suporte. Lutamos por uma descentralização real, a Grande Área Metropolitana não contribuiu nem vai contribuir para o desenvolvimento da região.